Entenda o esquema de corrupção dos juízes investigados por agiotagem, venda de sentenças e grilagem de terras no sul da Bahia
Três juízes foram afastados dos cargos por conta de transações suspeitas em um investimento imobiliário de luxo apelidado como ‘Liga da Justiça’.
Por Fantástico em 25/08/2024
O Fantástico deste domingo (25) mostra os detalhes da investigação que afastou três juízes por suspeita de grilagem de terras, corrupção e agiotagem em Porto Seguro, no sul da Bahia, onde estão as praias mais famosas no mundo todo.
São eles:
Fernando Machado Paropat, titular da 1ª Vara Cível da Comarca de Porto Seguro;
André Marcelo Strogenski, titular da 1ª Vara Criminal;
Rogério Barbosa de Sousa e Silva, titular da Vara da Infância e Juventude e Execução de Medidas Socioeducativas.
Os magistrados Fernando Machado Paropat, André Marcelo Strogenski, Rogério Barbosa de Sousa e Silva, investigados pelo TJ-BA por grilagem de terra, venda de sentenças e agiotagem — Foto: Reprodução/TV Globo.
De acordo com a Corregedoria-Geral da Justiça, o grupo, conhecido como “Liga da Justiça”, emitia documentos fraudulentos em que eles apareciam como proprietários de áreas que já tinham dono. O esquema não era descoberto, uma vez que o responsável por fiscalizar os atos desse cartório era um dos juízes afastados.
Com isso, os magistrados passaram a ser donos de 101 matrículas de casas e terrenos em praias paradisíacas no sul da Bahia. Em uma dessas áreas, o grupo está construindo um condomínio de luxo.
Condôminio de luxo implantado na área sob suspeita de grilagem .— Foto: Reprodução/TV Globo.
Além dos três juízes, um promotor, empresários, advogados e um secretário do município são suspeitos de envolvimento nas irregularidades.
O que dizem os investigados
A defesa do juiz Fernando Paropat diz que as notícias sobre o caso têm informações prematuras e inverídicas, que qualquer conclusão em procedimento preliminar será apenas especulação temerária.
Os fatos apontados nunca foram praticados pelo juiz, diz a defesa, que repudia ilações indevidas e levianas a partir das apurações em curso.
Já a defesa do juiz Rogério Barbosa afirma que o afastamento dele não deu por nenhum fato ligado ao exercício da magistratura e que ele nunca atuou em processo imobiliários na vara cível de Porto Seguro. A nota diz que o terreno do juiz não é na "Liga da Justiça" e que ninguém o acusou de praticar agiotagem.
A advogada de Henrique Daumas Nolasco afirma que ele não praticou atos ligados aos supostos ilícitos que estão sendo apurados e que ele é inocente e deu depoimento à Corregedoria como testemunha.
Até a publicação desta reportagem, a reportagem não conseguiu contato com o juiz André Strogenski, o promotor Wallace Carvalho e representantes do empreendimento Arraial Costa Verde.
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