Em 2019, satélite Brasil-China vai monitorar desmatamentos
Cooperação espacial sino-brasileira completou 30 anos
O governo chinês e autoridades do setor aeroespacial brasileiro celebraram, nesta quarta-feira (29), na Embaixada da China, em Brasília, o 30º Aniversário da cooperação entre os dois países na área de satélites. A parceria, conhecida como Programa Cbers (sigla em inglês para Programa Sino-Brasileiro de Recursos Terrestres), permitiu a produção de cinco satélites sino-brasileiros de recursos terrestres.
O sexto equipamento de sensoriamento remoto, o Cbers-4A, está previsto para ser lançado no ano que vem em Taiyuan, no país asiático.
Coordenado pela Agência Espacial Brasileira (AEB) e pela Administração Nacional Espacial da China, o programa permitiu o desenvolvimento de um sistema completo de sensoriamento remoto (espacial e terrestre) para fornecimento de imagens gratuitas a ambos os países e a mais de 20 nações da América do Sul, do sul da África e do Sudeste Asiático.
O presidente da AEB, José Raimundo Braga Coelho, destacou a iniciativa pioneira de cooperação em alta tecnologia entre dois países emergentes. “Todo esforço que se faz para ampliar conhecimento em áreas estratégicas como a espacial é válido. Tínhamos a necessidade de desenvolver satélites de observação da Terra. E tivemos essa oportunidade incrível de sermos convidados pelos chineses para participar de um esforço coletivo”, disse.
“Escolhemos um objeto de mútuo interesse e desenvolvemos em conjunto [o programa Cbers]”, afirmou José Raimundo.
O embaixador chinês Li Jinzhang ressaltou que os 30 anos da parceria na área espacial é “modelo exemplar da cooperação Sul-Sul”. Segundo ele, “o desenvolvimento conjunto de inovação tecnológica traz benefícios mútuos”. Para o embaixador chinês, o Cbers reforça a parceria estratégica global entre China e Brasil.
Satélites
O sexto satélite está em fase de testes e é desenvolvido em conjunto pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) e a China Academy of Space Technology (Cast). O Cbers-4A garantirá a continuidade do fornecimento de imagens para monitorar o meio ambiente por meio da verificação de desmatamentos e de desastres naturais, da expansão da agricultura e das cidades, entre outras aplicações. O custo deste equipamento é de cerca de R$ 120 milhões para cada país.
Foram lançados com sucesso o Cbers-1 (1999), Cbers-2 (2003) e Cbers-2B (2007). O Cbers-3 teve uma falha ocorrida no lançamento em dezembro de 2013. O Cbers-4 foi lançado em dezembro de 2014 e continua em operação.
Cooperação
Um dos pontos mais importantes do programa Cbers é a distribuição das imagens geradas pelos satélites, cobrindo as áreas ambiental e agrícola, e beneficiando não somente os estudantes universitários, mas toda a comunidade acadêmica. A distribuição das imagens é gratuita e, hoje, mais de 20 mil instituições brasileiras já receberam o material.
A cooperação entre Brasil e China é apenas uma parte do ambicioso programa espacial que vem sendo executado pela China. Nos próximos 20 anos, a China pretende enviar um homem à lua e uma sonda a Marte. Esta sonda, segundo o plano espacial chinês, deve retornar à Terra com amostra do solo de Marte para pesquisas.
Publicado em 29/08/2018 - Por Ana Cristina Campos e José Romildo - Repórteres da Agência Brasil Brasília